Venho partilhar convosco o dia mais difícil da minha vida, aquele em que tudo podia ter acabado, em que o sonho podia ter desaparecido.
Na passada 4ªfª, cerca ds 12h50, senti um forte cólica e dirigi-me à casa de banho, pensava que era uma cólica renal porque tinha comido um biscoito e pensei que podia já não estar bom. A cólica não passava, tentei vomitar e não consegui, comecei a suar, a ficar toda molhada, olhei-me no espelho e assustei-me com o que vi...eu estava amarela, parecia que estava morta, percebi que se passava algo mas não entendia o quê.
Respirei fundo, tentei controlar a minha própria respiração, abri a torneira do lavatório o coloquei as mãos debaixo de água, senti que podia desmaiar a qualquer momento, sabia que não podia deixar isso acontecer, era hora de almoço e estava sózinha. A minha barriga inchou, não consegui apertar o cinto que vestira de manhã, ganhei força e dirigi-me à minha sala, liguei ao meu marido, disse-lhe que não me estava a sentir bem, disse-me para aguentar. Desliguei o computador, arrumei os papéis, a dor aumentava mas eu sabia que tinha de aguentar. Saí do trabalho e dirigi-me para o carro, entrei e esperei que o meu marido chegasse.
Poucos minutos depois ele estava comigo, seguimos para as urgências do hospital mais próximo, eu já não conseguia estar direita, entretanto o meu marido falou com o pai que pela descrição do meu estado alertou para a hipótese que eu não considerei:
"- Pode ser uma gravidez ectópica!"
Na triagem o meu marido alertou a enfermeira, ela levou-me para as urgências, falou com um médico, a seguir levaram-me para outro serviço, eu já estava a desesperar, sentada numa cadeira de rodas, sem abrir os olhos, queriam que eu me levantasse, estava cheia de dores, mal ouvia as perguntas dos médicos...depois de saberem a data da última menstruação, de me apalparem a barriga,passei para uma cama e mandaram-me para o bloco de partos, mais uns minutos de espera (apesar das dores percebi que quando entrei no serviço estavam a sair os médicos que depois me iriam ver, da forma como eu estava não deviam ter voltado logo para trás? adiante...).
Os médicos vieram ao fim de vários minutos, que a mim me pareceram horas, começaram a fazer as mesmas perguntas, passei para uma maca ainda pelo meu pé mas a partir daqui não fui mais capaz...
Na maca observaram-me, eu sentia-me fraca, não estava a conseguir pensar direito, estavam muitas vozes à minha volta, quando me disseram para me levantar para ir fazer a eco eu caí, tenho a plena consciência que podia ter sido aqui que tudo acabava. Eu senti que me estava a ir embora, que estava a querer sair de dentro de mim e percebi que não podia, que não podia deixar. A médica percebeu o que se estava a passar, começou a gritar por mim, a dar ordens a todos os que estavam à volta, se a reacção não fosse imediata podia ter sido o fim.
Tentei manter-me atenta, eu precisava perceber o que se estava a passar à minha volta não podia perder os sentidos, fizeram-me duas ecos e a análise ao sangue.
"- Confirma-se a nossa suspeita, é uma gravidez ectópica, vamos ter que operar imeditamente."
Ao contrário do que aconteceu na primeira ectópica, em Fev. de 2003, nem sequer me preocupei com ficar ou não com a trompa, só queria que o sofrimento acabasse.
Começaram a preparar-me, perguntei pelo meu marido, se o podia ver antes, não me deixaram, nesta altura deviam ter passado cerca de 2 a 2,5 horas desde que entrara nas urgências e ele não sabia nada do que se estava a passar.
A médica anestesista queria dar-me a epidural mas não me conseguia imobilizar com as dores, o meu coração não estava bem, a tensão estava 8/5, estava a perder muito sangue internamente, a trompa tinha rebentado.
O sangue espalhava-se dentro de mim e comecei a sentir os musculos a "atrofiar" no peito e nos ombros, só me diziam que era normal e eu só pensava que queria adormecer para não sentir mais nada.
Levei anestesia geral, não sei quanto tempo passou, acordei, disseram-me que tinham retirado a trompa, suspirei de alivio, abri os olhos e vi o meu marido e os meus pais que me acompanharam enquanto encaminhavam a cama para o quarto.
O periodo tinha andado esquisito, apareceu a 19/abril, comecei o ttt para a iiu, foi cancelado a 7/maio. Apareceu a 8/junho, durou 15 dias, liguei para o hospital, tomei uns comprimidos e parou. Reapareceu a 5/julho e durou mais 10 dias. Tinha começado a parar no domingo, dia 15.
Não fazia a menor ideia que estava grávida.
Como é que eu podia adivinhar?
A última vez que engravido é em 2003, tenho uma ectópica, nunca mais consegui e 4 anos e meio depois é que consigo engravidar e tenho outra?
Os médicos vão fazer um relatório para levar para o HSM, dizem que não vale a pena perder mais tempo e que no meu caso, perante tudo o que aconteceu, temos de partir para a FIV.
Se querem saber a verdade neste momento pouco me importa!
Eu podia ter morrido na 4ª feira, tudo podia ter acabado para mim e para nós, para o projecto de vida a dois que começámos a construir há mais de 6 anos.
Ter ficado tão perto da morte afectou-me, não estou a saber lidar com isto, regressei a casa e quando olho para as nossas coisas, para as nossas fotografias, começo a chorar.
Estou viva, por sorte, tenho de perceber qual a lição de vida que tiro daqui.
O meu marido é o meu herói, se vieres a ler estas palavras quero que saibas que te amo muito, que se não morri foi por ti e que me tens dado todas as provas de amor que me podias dar. AMO-TE!
Compreendam que com tudo isto tenho de me afastar por uns tempos, preciso recuperar fisica e psicológicamente. Quando tiver coragem regresso.
Um beijo.
22 julho, 2007
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17 Mimos on "Espero que compreendam"
Sem palavras....e com os olhos a "navegar"....só quero deixar-te Muuuuitos Beijinhos! Força!!
Não te isoles, procura apoio, na familia, nos amigos, em tudo o que tu realmente gostas, é o conselho que te posso dar.
Beijinhos,
Inês
Sem palavras mesmo...
Imagino o teu sofrimento, e acredito que precises de tempo para colocar as ideias no lugar.
Não te isoles!!
Felicidades e espero que voltes brevemente.
bjs
Querida amiga, nunca pensei que a tua ausência se devesse a uma situação tão dramática! Espero que recuperes depressa e que fique tudo bem contigo. Muitos beijinhos e tudo de bom!
Oh amiga s� te posso dar um beijo grande e desejar que recuperes rapidamente...
Beijo
Olinda
Ola minha linda, fikei sem palavras. Miga muita força, e agora é recuperar essa saude, Beijinhos
sandra peixeiro
Olá Barriguitas,
Nem sei o q te dizer... espero q estejas a recuperar bem e rápidamente.
Um beijinho muito grande e um abracinho muito apertado
Céu
Bolas miga nem sei o que possa dizer....são nestas alturas que pomos tudo numa balança e tentamos perceber se vale a pena tudo o que passamos.....querida tenta ter força...
Beijocas
Patricia
Lamento muito este sofrimento.Espero que recuperes rápido.beijo enorme.
Lamento muito, amiga...
Espero que recuperes rapidamente...
Beijinho
Amiga,
Fui agora apanhada de surpresa...lamento muito. A nossa saúde em primeiro lugar querida, fazes bem em te afastar, qd quiseres beber um cafezinho comigo diz qq coisa.
Bjs
Suzana
Estou arrepiada...Quero desejar-lhe as maiores felecidades do mundo.
Força e um grande bem haja.
Espero que recuperes rapidamente... Cá estaremos para te dar miminhos e apoiar no que fôr preciso.
Beijinhos carregados de força,
Birdie**
Muita coragem!
Amiga espero que recuperes depressa.
Muita força e muitos beijinhos cheios de miminhos.
Paula Santos
Oh miga....
Vim hoje ao teu blog pq não sabia de ti há tanto tempo e deparo-me com isto... n estava à espera... desejo q melhores rapidamente, fisica e psicologicamente... Um beijo muito grande, cheio de carinho e muita força... Se precisares de um ombro sabes q estou perto...
Um xi-coração muito apertadinho!
Peluxinho
Coragem!!!!E as melhoras!
Bem nem sei que diga...vim á procura de saber o que se passava contigo e....lamento imenso...descansa...FORÇA e estamos cá ok? BJS
CristinaF
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